O projeto “Sarminina Cientistas: Estimulando Meninas do Maranhão para as Carreiras de Exatas e Tecnologia”, coordenado pela professora do departamento de Tecnologia Química da Universidade Federal do Maranhão, Kátia De La Salles, foi destaque em reportagem do UOL, na última quarta-feira, 3, como homenagem às mulheres pelo seu dia internacional, que é comemorado nesta segunda-feira, 8.
A ideia era mostrar as mulheres engenheiras, engenheiras agrônomas e geocientistas, que têm crescido nas universidades e no mercado de trabalho de todo o País. Entre várias mulheres de todos o Brasil, o UOL escolheu 27 mulheres, para representarem seus estados em diversas áreas de atuação.
No Maranhão, a professora Kátia foi escolhida por coordenar o projeto “Sarminina Cientistas: Estimulando Meninas do Maranhão para as Carreiras de Exatas e Tecnologia”, que é voltado para as estudantes das graduações em Computação, Física, Química, Matemática, Engenharias e em Ciência e Tecnologia. Esse é um projeto de extensão que visa estimular a presença de mulheres nos campos da ciência e tecnologia.
“A presença feminina na engenharia vem aumentando ao longo das últimas décadas. Os tempos mudaram e ganhamos espaço na engenharia, ocupando funções antes de maior disponibilidade apenas para o sexo masculino, o que demonstra a quebra de barreiras e a busca por cada vez mais igualdade”, afirmou a docente.
Para estimular o protagonismo das engenheiras em projetos estratégicos, segundo ela, é preciso dar mais visibilidade aos projetos ou feitos realizados por mulheres, além de políticas públicas para a inserção da mulher nessas áreas predominantemente masculina. “A exemplo das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs), que incluíram em suas agendas seminários e premiações de reconhecimento à atuação científica das mulheres, e das Fundações e empresas privadas, para que o engajamento no combate às desigualdades torne-se um importante valor corporativo, e que reúna esse movimento, com a criação de premiações a jovens cientistas mulheres”, completou.
As questões culturais persistem comodesafios no dia a dia. No ambiente acadêmico, por exemplo, o preconceito, a discriminação e a dificuldade de ocupar certos cargos, ainda tem sido desafiador. “Durante minha vida acadêmica, um dos desafios que vivenciei na UFMA foi durante o período que estive à frente da implementação do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (primeiro ciclo para as engenharias). Erámos ao todo 70 docentes, sendo apenas 10 mulheres. A dificuldade para gerenciar um curso predominante masculino era enorme. Um desafio gigantesco. O preconceito, a dúvida de como mulher poderia gerenciar um grupo com 70 docentes, onde a maioria era homens, sempre vinha à tona”, relatou.
Formada em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 1998, instituição onde realizou também seu mestrado na mesma área de conhecimento e doutorado em Engenharia de Processos e Meio ambiente, em 2004, no Institut National Polytechnique de Toulouse – França, coordenou, no período de 2010-2012, o curso de Bacharelado em Engenharia Química. De 2013 até 2016, esteve à frente do curso de Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BICT). Depois de 2016 à 2019, foi Coordenadora Institucional de Planejamento Acadêmico, junto à Pró-Reitoria de Ensino da UFMA. Kátia, atualmente, é lotada no Departamento de Tecnologia Química, da Universidade Federal do Maranhão, desde 2008. “Durante esses anos que estive como gestora, percebi o baixo índice de ingresso de mulheres nos cursos de Engenharia Química e BICT”, afirmou.
Após um estudo, realizado com dados do então Núcleo de Tecnologia de Informação da UFMA, hoje, Superintendência de Tecnologia da Informação, foi constatado que no período de 1996 a 2018, o ingresso de mulheres na área de ciências e engenharia representava menos de 35% de mulheres. “A exemplo, temos os cursos de Ciências da Computação com 11,0%, Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia com 25,3%, Engenharia Civil com 33,8%, Engenharia da Computação com 30,4%, Engenharia Elétrica com 16,8%, Engenharia Mecânica com 21,4%, Física 15,6% e matemática com 17,7%”, detalhou De La Salles.
Esses dados, levou à docente a criar um projeto que ampliasse a participação feminina nessas áreas de formação. “Propus, junto a um grupo interdisciplinar, composto por professoras de diversas áreas de Ciência e Tecnologia, o projeto “Sarminina Cientistas: Estimulando Meninas do Maranhão para as Carreiras de Exatas e Tecnologia”, que tem como principal objetivo incentivar o ingresso de mulheres nos cursos das seguintes áreas: Química, Física, Computação, Matemática e Engenharias”, lembrou, relevando que o termo “Sarminina” é utilizado para falar com um grupo de garotas.
O Projeto foi aprovado em 2018 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Ele atua em duas frentes: (a) uma a fim de promover o estímulo à curiosidade das meninas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio nas áreas de ciências exatas e tecnológica, com intuito de incentivar o ingresso destas jovens nestas áreas e (b) outra para o desenvolvimento técnico das alunas de graduação, com a participação dessas em palestras, oficinas e minicursos propondo a complementação de sua formação, além do desenvolvimento de projetos científicos ou tecnológicos e do incentivo à participação em competições, visando a excelência acadêmica, a diminuição da evasão, das taxas de reprovação, entre outros parâmetros”, pontuou De La Salles.
As ações propostas no projeto buscam popularizar a área de ciências e tecnologia para a comunidade e promover o ingresso e permanência das mulheres nessa área de forma igualitária e democrática. O projeto conta com um canal de divulgação no Instagram, @sarmininacientistas, para a socialização de informações, acompanhadas de informações baseadas em pesquisas científicas.
Tendo a professora Kátia De La Salles como uma das maiores incentivadoras da mulher na ciência, nas exatas e nos cargos, a Universidade Federal do Maranhão deseja, nesse dia tão especial, um Feliz Dia Internacional das Mulheres, àquelas que são mães, professoras, pesquisadoras, filhas, esposas, servidoras, técnicas, estudantes e que, unindo tudo isso, ocupam cargos significativos para o desenvolvimento da cidade, do estado e do país.
Para ler a reportagem publicada no UOL, clique aqui.